Preconceito e desinformação dificultam combate ao alcoolismo
A maioria das pessoas não sabe que o
alcoolismo é uma doença. O alerta é feito pelo membro do Alcoólicos Anônimos
(A.A.), Tadeu T.B., sóbrio há três anos e que faz parte do comitê de divulgação
do grupo. “Existe muito preconceito e ele é originado da desinformação, acham
que a pessoa que tem problema com a bebida alcoólica é por falta de caráter, de
vergonha na cara, e outras expressões pejorativas que acabam utilizando”,
explica.
Hoje
(18) é lembrado como o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, data instituída
para conscientizar a população sobre a doença e os prejuízos causados pelo
consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Segundo Tadeu, há diversas formas de
se informar e buscar ajuda, e uma delas é o A.A. “Há linhas diferentes de
buscar solução para o problema. As políticas públicas buscam a redução de
danos, enquanto o A.A., por exemplo, busca a abstinência total”, compara.
Segundo
dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), feita pelo Ministério da Saúde, em
2016, a frequência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi de 19,1%, sendo
cerca de duas vezes maior em homens (27,3%) do que em mulheres (12,1%).
Considera-se uso abusivo quem ingeriu de quatro a mais doses para mulheres, ou
cinco a mais doses para homens, em uma mesma ocasião dentro dos últimos 30 dias
antes da pesquisa.
Tadeu
explica que a pessoa que sofre com o alcoolismo ou sua família precisa
procurar ajuda, pois há uma dificuldade muito grande na aceitação da doença.
Ele contou que o pai também é alcoólatra e conseguiu deixar o vício com
tratamento psiquiátrico, utilizando remédios. “Tentei essa forma e comigo não
funcionou”, diz.
“É
cultural, todas as ocasiões sociais são regadas a muita bebida. Então, a
dificuldade é que, ao tirar esse momento, a pessoa não sabe o que fazer na
vida, não tem perspectiva”, explicou. “Vive-se em negação por muito tempo, dar
o braço a torcer é muito difícil”, diz. Mesmo depois que o alcoólatra consegue
aceitar a ajuda, segundo Tadeu, o alcoolismo é um problema crônico que exige
atenção para o resto da vida.
Fator agravente
O
aumento no percentual de brasileiros que combinam álcool e direção também foi
demonstrado pela pesquisa Vigitel. Em 2016, 7,3% da população adulta das
capitais brasileiras declararam que bebem e dirigem. No ano anterior, o índice
foi de apenas 5,5%. Um aumento de 32%, em apenas um ano, segundo o Ministério
da Saúde.
O
álcool pode ocasionar ou ser um fator agravante para várias doenças, tanto
fisiológicas quanto psicológicas e comportamentais. “Difícil achar um alcoólico
que não pensou em se suicidar”, conta Tadeu.
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde, o uso nocivo do álcool é um fator
causal para mais de 200 doenças e condições de lesão. No mundo, 5,1% da carga
global de doenças e lesões é atribuída ao álcool.
O
importante, segundo Tadeu, é procurar ajuda, seja com o médico, o psicólogo ou
com grupos como o A.A. A irmandade possui cerca de 5 mil grupos espalhados pelo
país e não tem vínculos com nenhuma religião ou partido político. Informações e
orientações sobre o A.A. estão disponíveis no site da organização.
Da Agencia Brasil