22 de out. de 2015

Câmara aprova PEC que permite universidades públicas a cobrarem cursos
Foi aprovado por 318 votos contra 129, pelo Plenário da Câmara, a PEC 395/14, que legaliza a cobrança de mensalidade por Universidades e escolas públicas para os cursos de pós-graduação, extensão e mestrado profissional, nesta quarta (21). A votação ainda precisa passar pelo segundo turno.
A proposta altera o Artigo 206 da Constituição que determina a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. 
O texto de autoria de Cleber Verde (PRB-MA) incluiu que seriam facultativas as ofertas gratuitas de cursos de extensão, de pós-graduação lato sensu e de mestrado profissional, e que seria "respeitada a autonomia universitária". A proposta inicial excluía o mestrado, o que promoveu polêmica entre os deputados. A aprovação da Câmara acabou validando o curso como passível de cobrança.
De acordo com o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), a medida cria uma porta de entrada para processo de privatização da educação pública. "É uma proposta privatista que reduz a responsabilidade do Estado, intensifica a privatização e o modelo de universidade gerencial. O modelo de universidade com ensino pesquisa extensão é o melhor modelo de universidade se quisermos construir uma proposta de futuro para o país", afirmou.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) criticou a alteração, lembrando que dentro da própria comunidade acadêmica não há consenso, citando que a Associação Nacional Dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) não tinham posição firmada, mas a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) e o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) são contrários. “Porque aligeirar-se numa decisão onde a comunidade universitária não tem consenso sobre a questão?”, questionou.
Para justificar seu texto, Cleber Verde disse que a cobrança já é realidade em algumas instituições. "O que nos foi dito em audiências públicas é que a esses cursos servem não apenas para capacitar profissionais, mas também permitem investimentos em laboratórios e em melhorias de infraestrutura", disse.
Para Olgaíses Maués, representante do ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), ao apontar que "se faculta a oferta não gratuita, o relator confere uma suposta autonomia, que na prática, segundo experiências anteriores, não é respeitada", entende.
"A mudança na Constituição não impõe que seja cobrado. Mas sabemos que é um artifício muito comum a esse governo e que o Congresso Nacional também segue. Por exemplo, o REUNI era feito por adesão. Mas aquelas instituições que não aderiam eram penalizadas, porque não recebiam recursos. Então, a mesma coisa deve valer para o ‘facultado’ nesse caso. De fato, esses cursos serão pagos, pois será aberta a possibilidade. Evidente que as universidades vão usar desse artifício e vão cobrar, utilizando os mesmos argumentos de que aqueles que procuram esses cursos já são profissionais e podem pagar por seus estudos", disse a diretora do Sindicato.

Maués acredita que essa será "a abertura para que se mercantilize, se privatize definitivamente a educação superior". "Começa com a especialização, já abrindo para o mestrado profissional, e sabemos que isso é o início de algo que está posto para a educação superior como sendo um serviço, dentro da concepção da Organização Mundial do Comércio, e desta forma a sua prestação deve ser cobrada", criticou.
Fonte:Jornal GGN

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