PT cresce nos grotões e ganha entre pobres e mal informados, diz FHC
Um dia após a passagem do ex-governador Aécio Neves (PSDB) para o segundo turno da eleição presidencial contra a candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) partiu para o ataque contra o eleitorado petista e disse que a legenda adversária cresce nos grotões. Na condição de sociólogo, FHC analisou que o PT vem colhendo votos entre a população mal informada que, "coincidentemente, é mais pobre".
"Não é porque são mais pobres que votam no PT, mas porque são menos informados. Como era a Arena no regime militar: se apoiava nos grotões. Essa caminhada do PT dos centros urbanos industriais para os grotões é um sinal preocupante, porque é um sinal de perda de seiva. Estão apoiados num setor da sociedade sobretudo mal informado. Mas é preciso colocar um pouco na perspectiva, porque, por exemplo, aqui em São Paulo, quando o PSDB ganha, ganha porque tem apoio de pobre, não de rico", disse o tucano, em entrevista ao jornalistaJosias de Souza, no Uol.
Ainda de acordo com FHC, a culpa pela falta de informação não é do eleitor, mas sim do Estado. "Se há uma falha no PSDB, é o partido não ser capaz de conversar diretamente com os mal informados, porque eles estão no país e votam", completou.
Comentando sobre a estratégia do PSDB para o segundo turno contra o PT, FHC disse que o partido vai centrar suas críticas na presidente, e não nos 12 anos de gestões petistas que incluem a administração do ex-presidente Lula.
FHC rebateu ainda a declaração de Dilma na noite do dia 5 de outubro, dando conta de que a população brasileira não sente saudade de um governo que privilegiou apenas os mais ricos. Segundo ele, o PT quer colocar estigmas no PSDB quando, “na verdade”, as mudanças sociais começaram a surgir no governo FHC. “Tem que ser descontituído esse ataque que o PT costuma fazer. E Dilma tem que responder pelo crescimento do Brasil em relação ao resto do mundo. No meu tempo, o Brasil crescia mais que a América do Sul", apontou.
E continuou: "E segundo: o que eles fizeram com a Petrobras? Tenha paciência! Como têm coragem de dizer que meu governo botou para debaixo do tapete o mal feito e eles colocaram à vista. À vista nada! A imprensa descobriu umas coisas, a polícia, outras, houve delação premiada e o escândalo é enorme. É pior que o mensalão. Tem que cobrar deles", disparou.
O ex-presidente tucano ainda disse que Lula é "insinuações vagas e ar de arrogância em carne e osso" quando critica a corrupção no PSDB. "Se em 12 anos [de governo petista no plano federal] tinham coisas do nosso período, por que não processaram, não colocaram para fora? Não teve nada! Compra de votos? Não é verdade. Ninguém [do PSDB] foi condenado, enquanto parte do PT está na cadeira, e outra parte, com medo de ir”.
O legado
FHC elogiou a postura de Aécio Neves, que durante a campanha presidencial deste ano, fez questão de ressaltar os ganhos do correligionário na presidência, na contramão da estratégia adotada por José Serra e Geraldo Alckmin em pleitos passados. “O PSDB fez muita coisa, não só na estabilização da economia, mas na área da saúde, uma verdadeira revolução, Temos que assumir tudo isso e não deixar que o PT fique botando a marca de que eles que fizeram tudo e nós atendemos ao mercado", ponderou.
Segundo o sociólogo, a omissão de Serra e Alckmin fez com que o PT pudesse "amendontrar" o eleitorado. “Como o PT é um partido agressivo, e competente em fazer propaganda e estigmatizar, houve uma espécie de encolhimento [do PSDB]. Esse marquetismo atrapalha muito."
Marina Silva
Sobre a possível aliança entre Marina Silva (PSB) e Aécio, FHC disse que está à disposição para “conversar” e ajudar no acordo. "Sempre me dei bem com ela, mas tenho que respeitar os tempos dela. Ela declarou ontem que vai fazer reuniões para definir a linha, mas antecipou que pretende compor com a maioria. Se eu for útil nesse relacionamento, podem contar comigo. Essa aproximação tem que ser em função das coisas que acreditamos, não vamos discutir toma lá, dá cá. Vamos discutir a aproximação efetiva da Rede e do PSB com o PSDB.”
Fonte:Jornal GGN/ilustração Google imagens
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