Política
A crise dos partidos e a necessidade de organização, por Aldo Fornazieri
Mesmo depois do centenário da publicação do clássico “Sociologia dos Partidos Políticos”, de Robert Michels, a discussão acerca dos partidos está mais viva do que nunca. Está viva justamente por conta da crise de legitimidade que os partidos enfrentam. A perda de legitimidade dos partidos e das instituições políticas coincide com a crise econômico-financeira iniciada em 2008 e que se prolonga até hoje, particularmente na Europa. Na América Latina, após uma década de crescimento contínuo, os sinais de crise econômica e de legitimidade das instituições se evidenciam em alguns dos principais países da região, a exemplo do Brasil, Argentina, Venezuela e México, ao menos.
No século XX a democracia foi identificada como democracia de partidos. No rastro da crise econômico-financeira e da crise de legitimidade dos partidos e das instituições políticas fortaleceram-se movimentos autonomistas e anarquistas, avessos a rigidez organizacional vista por eles como portadora de um caráter coercitivo. Mas os novos movimentos, definidos pela maior fluidez, articulados horizontalmente e em rede, pouco prosperaram. Os mais expressivos – Occupy Wall Sreet e os Indignados da Espanha – praticamente desapareceram. No Brasil, o MPL (Movimento Passe Livre) se recusa dar um passo para além da pauta de luta pela tarifa zero.
A Necessidade da Organização
No primeiro capítulo do seu livro, Michels discute exatamente a necessidade da organização. A organização se tornou, nas diferentes sociedades, a condição de realização e de êxito de qualquer empreendimento ou a luta por reivindicações políticas ou econômicas. A organização se assentaria sobre o princípio do menor esforço e seria o meio capaz de criar uma vontade coletiva. Por isso, a organização seria, em todos os tempos, “nas mãos dos fracos, uma arma de luta contra os fortes”. Michels adverte que a ausência de organizações sociais e políticas de luta dos fracos é algo do agrado e do interesse dos mais fortes. Sem elas, o domínio desses perdura no tempo. Ele considera que a organização é condição absoluta da luta política de massas. Mas, como se verá em outra ocasião, a organização guarda riscos e perigos, como o do seu estiolamento burocrático e oligárquico.
Fonte:Jornal GGN
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