30 de jun. de 2015

Momento Memory

QUEM FOI COXINHO O MAIS POPULAR CANTADOR DE BOI DO MARANHÃO?

Hoje dia 30 de junho de 2015, final das festas juninas, vamos conhecer a história do Coxinho o maior cantador de boi.
Bartolomeu dos Santos, o popular Coxinho, natural da baixada maranhense,um dos patronos da Academia Arariense-Vitoriense de Letras, cadeira nº. 07, fundada e ocupada pelo artista plástico Airton Marinho (da Secretaria de Cultura do Estado), Bartolomeu dos Santos, o popular Coxinho, vem à luz em 24 de agosto de 1910, no lugarejo Fazenda Nova, nas proximidades de Lapela (considerado um dos maiores redutos de afrodescendentes no município de Vitória do Mearim). Órfão de pai e mãe, ainda menino, logo tem que “enfrentar sozinho as dificuldades que a vida oferece àqueles que bem cedo perdem o doce convívio dos pais”, como bem o diz o escritor vitoriense Arimatea Coelho (1998). Sua estréia como cantador de Boi dá-se em 1924 (ano marcado por uma das maiores enchentes no Estado), no seu município de origem, aos 14 anos, na condição de “vaqueiro perdido”, do boi de cofo “Reis do ano”, com a toada: “Mas essa é que é a serpente marinha/ Que conduz porco e saco de açúcar/ E até panero de farinha”.
Aos 16 anos (1926), deixa a terra natal, com destino a São Luís, onde começa a trabalhar como “moço de convés”, em embarcações que fazem o périplo marítimo/fluvial São Luís-Grajaú. Sempre envolvido com os folguedos juninos do bumba-meu-boi, de porto em porto, por onde desembarca, na rota das muitas viagens, angariando sempre muitas amizades com cantadores de boi (dentre estes, Rosalvo Simplício Moreno, conhecido nas rodas de guarnicê da Baixada por Rosalino ou Rosa Bobagem), aos poucos vai ascendendo, na hierarquia da brincadeira, chegando, em 1938, ao status de amo.
A partir de 1940 (início do ano), Bartolomeu (Berto, no seu tempo de cantoria pelo interior maranhense), começa a se destacar nas rodas de boi de São Luís. A partir de 1945, integra-se a dois grupos de bumba-boi da Baixada, dos mais famosos do Maranhão: o de Viana e o de Pindaré – que, com o de São João Batista, compõem o subgrupo da baixada (uma das divisões do chamado grupo indígena, que tem na matraca o diferencial inconfundível do sotaque).
Sobre o assunto, vale ressaltar que, segundo a pesquisadora Maria Michol Pinho de Carvalho (1995), em 1945, foi criado, em São Luís, o Boi de Viana, tendo como líder do batalhão Apolônio Melônio, até 1959 – quando este então, desligando-se do grupo de origem, organiza, em 1960, na Floresta (Liberdade), ao lado de João Câncio e Coxinho, um outro boi, que, na força da vox populi, ficou conhecido como Turma do Pindaré, contando este com quatro amos: Apolônio e Coxinho de um lado, João Câncio e Cobrinha do outro. Em 1967, nova cisão: João Câncio, separando-se de Apolônio, leva parte do grupão original para o Bairro de Fátima (onde reside). É quando Coxinho, até então meramente um cantador brilhante, passa a dividir, com João Câncio, o encargo de amo do Boi de Pindaré.
O ano de 1971 registra um momento muito especial na vida deste admirável cantador da Baixada: da sua união com Maria Jocelina Sousa dos Santos, nasce o primogênito do casal, José Plácido Sousa dos Santos (o Zequinha, herdeiro do pai no dom da cantoria, continuando-o, como um dos cantadores do Boi de Pindaré, cujo miolo é um dos seus irmãos, Edmilson Sousa dos Santos). O ano seguinte (1972) é ainda melhor: o batalhão de João Câncio, ou seja, o Boi de Pindaré, é sagrado campeão, com a toada de Coxinho – a até hoje insuperável “Urrou do Boi”, adotada oficialmente, anos mais tarde, pelos órgãos administradores da cultura do Estado, como hino do folclore maranhense. Nesse mesmo ano, o cada vez mais famoso Boi de Pindaré, grava o seu primeiro disco (long-play) com toadas de Coxinho. Disco “antológico, no cancioneiro popular, projetando a cultura maranhense no cenário nacional”, como observa Airton Marinho (2002).
Fonte:YouTube/Jornal Agora Santa Ines

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