Cidadania
Alunos pedem nomeação de professora travesti como reitora
Luma é conhecida como a primeira travesti do Brasil a fazer um
doutorado. Ela defendeu em 2012 uma tese em educação na UFC
(Universidade Federal do Ceará) sobre travestis nas escolas
Alunos de uma universidade
pública do Ceará lançaram uma campanha para que uma professora travesti seja
nomeada reitora da instituição.
O movimento "Luma Lá",
iniciado no final de dezembro por estudantes da Unilab (Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira) pede para que o novo
ministro da Educação, Cid Gomes (Pros), nomeie a professora Luma Andrade para o
cargo.
Luma é conhecida como a primeira
travesti do Brasil a fazer um doutorado. Ela defendeu em 2012 uma tese em
educação na UFC (Universidade Federal do Ceará) sobre travestis nas escolas.
O cargo de reitor na universidade
está vago desde o dia 1º de janeiro porque a ex-reitora Nilma Lino Gomes
assumiu a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República.
Nilma foi a primeira negra a se
tornar reitora de uma universidade brasileira. Caso seja escolhida, Luma será a
primeira travesti reitora do país.
A Unilab, em Redenção (a 66 km de
Fortaleza), é uma autarquia vinculada à pasta ocupada desde 1º de janeiro por
Cid Gomes, ex-governador do Ceará.
Cabe ao ministro da Educação
escolher o reitor, que não precisa ser necessariamente docente da instituição.
Antes de assumir a pasta, Cid foi governador do Ceará (2007-14).
Segundo o estudante Kaio Lemos,
35, que cursa bacharelado em humanidades e integra o centro acadêmico da
faculdade, o movimento de alunos já enviou um apelo por carta a Cid Gomes,
quando ele ainda era governador, pela nomeação da professora.
"Se ela tem capacidade
acadêmica, não tem nenhum problema para ela como travesti ser reitora",
afirma.
"Nós já tivemos muitos nomes
de homens importantes na história, de reitores, de presidentes. Essa escolha
vai muito além, condiz com a questão da diversidade sexual", defende o
estudante.
Segundo ele, o movimento gerou
resistência de um grupo pequeno, "de oito a dez alunos". "Mas
isso é natural."
Luma afirmou que foi pega de
surpresa pela campanha e que recebeu a iniciativa como "um presente".
"Não foi uma afirmação minha. Fiquei muito feliz porque a campanha veio do
grupo mais forte de estudantes da universidade e eles confiaram no meu
trabalho", diz.
Segundo ela, a campanha foi vista
como uma afronta por muitas pessoas de dentro da Unilab. "Em todos os
espaços temos pessoas conservadoras. É um espaço de disputa, uma relação de
poder, e existem pessoas que querem essa função e que tinham certeza de que
iriam ocupar esse espaço. De repente, surge o nome de uma travesti e isso veio
da comunidade de estudantes, então foi um surpresa para todos."
Cid Gomes ainda não definiu quem
será o novo reitor da Unilab. O Ministério da Educação foi procurado, mas não
se manifestou sobre o assunto.
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