23 de set. de 2014

Os desafios de quem vive os obstáculos da deficiência

Thiago Bezerra ainda encontra dificuldades em locais não adaptados

Gosta de frequentar baladas, viajar sozinho, descobrir novas culturas, namorar e tudo o mais que um jovem de 28 anos faz. Mesmo com as rodas, que funcionam como uma extensão de seu corpo na hora da locomoção, Thiago Bezerra não se sente intimidado pela condição de cadeirante.

Thiago nasceu com uma lesão medular congênita que exigiu uma cirurgia, ainda no primeiro dia de vida, para realocar os nervos da medula óssea. Superado o primeiro desafio, o jovem aprendeu a viver com as particularidades impostas pela cadeira de rodas. "Desde a minha infância, fui preparado por uma equipe médica para ter a maior independência possível. 

É claro que encontro muita irregularidade em se tratando de acessibilidade, mas, de modo geral, em 90% dos lugares eu consigo ir ou estar só”, conta Thiago, que garante não deixar de frequentar os lugares que gosta, mas ressalta as dificuldades que enfrenta devido à falta de adaptação de muitos ambientes. “Durante o meu lazer, eu gosto muito de ir a bares. Mas a gente se depara com coisas absurdas que poderiam ser evitadas, como portas estreitas onde a cadeira de rodas não passa. É uma situação bem constrangedora”, revela.

O PERFIL

Histórias como a de Thiago são muito comuns. Mais de 24% dos brasileiros possui algum tipo de deficiência, o que equivale a 45,6 milhões de pessoas, ou quase um quarto dos brasileiros. De acordo com O IBGE, o nordeste lidera o ranking das capitais que possuem o pior nível de acessibilidade.

Fortaleza é a lanterna nesse ranking, com 1,6% dos domicílios com rampas de acesso para quem usa cadeira de rodas nas ruas no entorno, superada por São Luís (1,9%) e Salvador (2,2%). Quanto à questão de vias urbanas, a média brasileira é de 4,7% de acessibilidade nas ruas de todo o país.

Na capital maranhense não é difícil encontrar flagrantes de desrespeito. Calçadas irregulares, falta de rampas de acesso aos mais diferentes locais e transporte público não totalmente adaptado são alguns exemplos.

É da iniciativa privada que partem a maior parte das adequações às quais deficientes físicos têm acesso. Locais como shopping centers, onde há grande circulação de pessoas, contam com acesso facilitado por meio de rampas e elevadores. Banheiros exclusivos e adaptados para cadeirantes garantem a acessibilidade. "Os shoppings devem ser espaços democráticos, acessíveis a todos, por isso temos uma preocupação especial em atender a todas as normas exigidas pela ABNT, com elevadores e sinalização horizontal e vertical. Temos no shopping vários banheiros exclusivos para portadores de necessidades especiais”, destacou o Gerente de Operações do Rio Anil Shopping, Daniel Lopes.

Restaurantes também são exemplos de ambientes que têm buscado estar acessíveis. No Cabana do Sol, o acesso de deficientes físicos é facilitado por um elevador. Nos restaurantes do Habib’s, os funcionários são treinados para atender pessoas com necessidades especiais. 

Para quem é Portador de Necessidades Especiais (PNE), ações corriqueiras como ir ao banheiro, por exemplo, podem ser uma verdadeira via crúcis. Por isso, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabeleceu regras que visam oferecer condições para que os cadeirantes e demais portadores de necessidades especiais possam frequentar todos os ambientes com autonomia e sem passar constrangimentos.

De acordo com a ABNT, banheiros, por exemplo, devem estar situados em locais próximos à circulação principal, devidamente sinalizados, com no mínimo 5% do total de cada peça adequado ao uso de portador de deficiência ou, em caso de sanitários menores, com uma unidade de cada peça adequada para essa finalidade. O órgão recomenda, ainda, que rampas de acesso devem possuir inclinação transversal máxima de 2%. A largura mínima deve ser de 1,20 m.

Fonte O Imparcial

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