Estilo de Vida
Jovens começam vida sexual cada vez mais cedo; veja como agir
Por Yannik D´Elboux do Universo Online
A idade em que acontece a
primeira relação sexual vem caindo significativamente nas últimas décadas. Os
dados mais recentes no Brasil apontam que, em média, os jovens perdem a
virgindade aos 13 anos, segundo a pesquisa "Durex Global Sex Survey",
realizada em 2012, em 37 países, por uma marca de preservativos. E não é
só por aqui. Na Austrália e nos Estados Unidos, a média de idade é a mesma. Os
países com a menor idade para a primeira relação --12 anos-- foram México,
Áustria e Alemanha.
Outros estudos anteriores, como o
"Mosaico Brasil", feito pelo Prosex (Programa de Estudos em
Sexualidade), ligado à USP (Universidade de São Paulo), em 2008, mostram que a
iniciação sexual acontecia, principalmente, na faixa etária dos 13 aos 17, com
concentração maior aos 15 anos. "Para ter uma ideia de como o começo da
vida sexual está ocorrendo mais cedo, as mulheres que estão hoje na casa dos 70
anos tiveram a primeira relação, em média, aos 22, e os homens da mesma idade,
aos 16", diz a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Prosex.
Para aqueles entre 28 a 35 anos,
a iniciação sexual deu-se, em média, aos 15 anos para os homens e aos 17, para
as mulheres. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, feita pelo Ministério
da Saúde em 2006, também revelou que 33% das mulheres entrevistadas haviam tido
relações sexuais antes dos 15 anos, o triplo do índice apontado na edição
anterior, de 1996.
Apesar da primeira relação
completa, com penetração, ser hoje mais frequente entre 13 e 15 anos, as
experiências sexuais iniciais acontecem muito antes disso. "Cerca de 20%
das crianças entre nove e dez anos já têm contatos eróticos, como beijo de
língua e toque sem roupa", declara Carmita. "A idade vem
baixando porque existe um estímulo muito mais precoce do que há alguns anos,
sobretudo por intermédio da televisão, dos smartphones e da internet como um
todo", diz o médico hebiatra (especialista em adolescentes) Maurício de
Souza Lima, do Hospital Sírio Libanês, autor do livro "Filhos Crescidos,
Pais Enlouquecidos" (Editora Landscape).
Riscos e exposição
Além do excesso de estímulos, na
opinião da médica Lilian Day Hagel, integrante do Departamento de Adolescência
da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), existe uma banalização do corpo e
exposição exagerada entre os jovens. "Antigamente, as experiências sexuais
ficavam restritas a um ambiente. Agora, são rapidamente e impulsivamente
compartilhadas com repercussão e alcance global", diz a pediatra, que
também é consultora do Ministério da Saúde.
A sexualidade precoce expõe mais
o jovem a diferentes riscos, como gravidez indesejada, DSTs (doenças sexualmente
transmissíveis) e Aids. Uma pesquisa de 2008 feita pelo Ministério da Saúde
mostrou que apenas 61% das pessoas com idade entre 15 e 24 anos fizeram uso do
preservativo na primeira relação sexual. Carmita Abdo alerta para mais um
problema, de que a camisinha só é utilizada de forma correta por cerca de um
terço da população jovem.
O sexo antes da hora também
envolve outros aspectos: "Do ponto de vista emocional, é um impacto forte
que, se negativo, às vezes, segue na vida adulta como qualquer outra
violência", diz Lilian Hagel. Mas não há um critério cronológico, ou seja,
uma idade ideal para começar a vida sexual. O importante é que o adolescente
esteja maduro o suficiente para discernir o que está fazendo e ter conhecimento
dos riscos que corre.
Como orientar
A educação sexual tem um impacto
relevante para evitar a precocidade e fazer com que a primeira experiência seja
positiva. Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, os estudos relativos a esse tema
mostram que pessoas que tiveram uma boa orientação iniciaram a vida sexual um
ano mais tarde em comparação àquelas que não foram bem educadas no assunto.
Esses jovens também escolheram melhor o momento, a parceria e a relação foi
mais planejada e menos ocasional.
A melhor maneira de orientar os
adolescentes é por meio de um diálogo franco, direto e informal, de preferência
que fuja do clichê "precisamos conversar". O assunto deve fazer parte
do dia a dia da família, de uma conversa que surge na hora do almoço ou do
jantar, comentando alguma notícia ou o caso de conhecidos.
Os pais ou responsáveis também
devem procurar não se espantar se descobrirem alguma experiência sexual do
filho com alguém do mesmo sexo. "Estamos vendo muito mais adolescentes e
adultos jovens com comportamentos sexuais múltiplos. Pode ser uma questão de
orientação sexual ou apenas experimentação. Só é inadequado quando apresenta
algum risco, do mesmo modo que as relações heterossexuais", afirma a
médica Lilian Hagel.
Para os adultos que não se sentem
confortáveis em abordar o tema com os filhos, os especialistas sugerem
alternativas para que os adolescentes não fiquem sem a informação que precisam.
É possível delegar essa tarefa para alguém da família, como uma tia, para um
professor ou buscar mais conhecimento em sites de especialistas na internet. A
orientação faz toda a diferença.
Fonte: Portal BOL/Universo online
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