Algumas
perguntas e o fato evidente da morte de Fagner Barros dos Santos
Editorial do Jornal Vias de Fato
Para
quem tomou o poder criticando e condenando os métodos de uma oligarquia, Flávio
Dino está se saindo pior que os oligarcas… Fiquem abaixo com o editorial
do Jornal Vias de Fato:
Quem foi
Fagner Barros dos Santos? Por que ele foi assassinado, com um tiro na cabeça,
por um Policial Militar do Maranhão? Quem são os responsáveis por sua morte?
Foi o PM que disparou a arma? Foi quem puxou o gatilho e estourou seus miolos?
Foi o
oficial responsável pela operação?
Este
crime tem alguma relação com a Medida
Provisória 185, assinada por Flávio Dino em janeiro deste ano,
logo no início do seu governo? Alguém lembra que três organizações sociais
lançaram uma nota, ainda em janeiro, dizendo que esta mesma MP seria uma
“licença para matar”? Não é o caso de se tratar disso agora, diante de nova
tragédia? Não? Então não devemos mais falar disso?
Devemos
esquecer a nota das entidades?
Por que um
adolescente foi baleado, na mesma operação que matou Fagner Barros dos Santos?
Por que houve tiros contra a manifestação que eles participavam? Por que
atiraram nas casas? Nas pessoas? Cada um dos tiros foi um “caso isolado”?
Ou tudo foi
mais um caso de “uso de força moderada”? E quem é o dono do terreno em questão?
São vinte hectares? Ele cumpre sua função social? Lá não existia um lixão,
antes da ocupação? Por que uma liminar tão rápida? Não seria o caso de
desapropriar o terreno? Não seria o caso de ser criada, no local, a Vila Fagner
Barros dos Santos? Não?
As
sucessivas tragédias ocorridas em Pinheiro, Vitória do Mearim, São Luís
(envolvendo torturas e execuções) vão ser tratadas sempre, pelo atual governo,
como “casos isolados”? Os métodos que levaram à morte de Fagner têm relação
direta com as bombas atiradas contra manifestantes, na Avenida Beira Mar, no
dia 6 de agosto, próximo ao Palácio dos Leões? Não têm?
Alguém se
lembra de como se deu a repressão a uma manifestação estudantil, em abril deste
ano, no terminal da integração da Praia Grande? Alguém lembra que os estudantes
fizeram boletins de ocorrência, gravaram vídeos e fizeram notas criticando a
violência policial e o atual governo do Maranhão?
Num estado
injusto como o Maranhão, marcado pela miséria, pela grilagem e por todo tipo de
especulação imobiliária, fazer ocupação de terras é crime? É isso mesmo? São
Luís não é quase toda fruto de ocupações? O atual governo desconhece os
problemas sociais profundos, que originam estas ocupações? Tudo será
desonestamente simplificado como “indústria de invasões”?
O governador
Flávio Dino fez fotos com o MST, na porta do Palácio dos Leões, mas não admite
manifestações sociais, passeatas, ocupações e mobilizações populares? É isso?
Será, então, que a foto com os manifestantes do MST é pura demagogia do
governador? Será?
E onde fica
a democracia, defendida por Flávio Dino diante da presidenta Dilma? Ela passa
apenas por decisões judiciais? Passa apenas pelas liminares de despejo,
suspeitas e às vezes criminosas? É essa a democracia que devemos respeitar? No
“governo da mudança”, então, ninguém poderá fazer manifestações nas ruas e praças
públicas? E a participação popular, que dá nome a uma secretaria do atual
governo?
Um inquérito
policial dará conta de todas as questões envolvendo a morte de Fagner Barros
dos Santos? Daqui a alguns dias, todos nós esqueceremos Fagner Barros dos Santos?
De quem devemos cobrar a sua morte? Do governador? Do governo? Da Secretaria de
Direitos Humanos? Da Secretaria de Segurança? Da PM? Do cabo? Dos que se dizem
donos do terreno? De nós mesmos? Ou não devemos cobrar de ninguém? Melhor
largar de mão?
Quem é
Fagner Barros dos Santos? Um número a mais nas estatísticas? As mesmas
estatísticas que o governo foi acusado de estar maquiando? O martírio de Fagner
(durante uma reintegração de posse!) tem alguma importância na atual conjuntura
política do Maranhão, onde o governo fala em mudança? Ele foi vítima de uma
violência política, além de policial? Ou é só um “caso isolado”, esquecido
daqui a poucos dias? Estamos sendo inoportunos com este tipo de pergunta?
Melhor mudar de assunto?
Independente
das respostas, ou da (in) conveniência destas perguntas, temos que dizer
claramente que Fagner Barros dos Santos foi um jovem, que estava junto a uma
manifestação popular, negro, da chamada periferia de São Luís, que estava
lutando por moradia e foi assassinado por agentes do Estado, sob o comando do
governo de Flávio Dino. Este é o fato.E ele não é
um fato isolado.
Fonte:Blog do Ricardo Santos do Jornal pequeno
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