6 de jul. de 2015

"Ele nunca morreu para mim", diz Lucinha Araújo, mãe do saudoso Cazuza (Foto: Lipe Borges / Editora Globo.)
"Ele nunca morreu para mim", diz Lucinha Araújo, mãe do saudoso Cazuza (Foto: Lipe Borges / Editora Globo.)

POR BRUNO ASTUTO

Com Acyr Méra Junior, Dani Barbi 
e Aline Salcedo

Momento Memory
Na véspera dos 25 anos sem Cazuza, mãe declara: "Ainda choro um pouquinho"
 Lucinha Araújo diz que teve vontade de morrer com o filho e planeja homenagens.
Na próxima terça-feira (07), os 25 anos da morte de Cazuza serão lembrados com uma homenagem singela: uma missa encomendada por sua mãe, a incansável Lucinha Araújo. Embora admita chorar um pouquinho de vez em quando, ela diz que não se entregou à tristeza e segue fazendo de tudo para que o cantor, morto precocemente aos 32 anos, siga presente em sua vida, na do público e na Sociedade Viva Cazuza, criada para dar suporte, escola e moradia a crianças infectadas com HIV. “Não sou dada à depressão e estou aí, vivendo, com quase 80 anos e cheia de filhos”, diz ela.
Como foram esses 25 anos sem Cazuza?
Nem dá para responder. Fico boba de ter passado tanto tempo, parece que foi ontem. Ele nunca morreu para mim. E acho que continua cada vez mais vivo também para os brasileiros, cada vez mais tocado nas rádios, o que me faz muito feliz. Mas é uma saudade que nem dá para falar. Uma dor irreparável, a maior que alguém pode ter. Perder um filho, e ainda mais ele sendo único, um gênio. Mas eu paguei caro. Tive vontade de morrer com ele. Quando fico triste, só choro um pouquinho sozinha e tomo um banho. Ano que vem, faço 80 anos, no dia 2 de agosto, e vai ter festança.
Cazuza e Lucinha em foto do arquivo da família: ela guarda farto material da carreira do filho (Foto: Divulgação)
Cazuza e Lucinha em foto do arquivo da família: ela guarda farto material da carreira do filho (Foto: Divulgação)



 A relação de vocês tinha também seus contratempos. Foi fácil ser mãe de um gênio criativo?
Acho que aprendi mais com ele do que ensinei. Tudo o que fiz, foi por amor. As pessoas dizem que aprendem com o primeiro filho para acertarem no segundo. Eu não tive esse tempo. A gente se dava muito bem. Ele dizia que ‘mamãe me entende pelo olhar; papai, a gente tem que explicar tudo’. Mas é claro que a gente também brigava. Eu pegava muito no pé dele, por tudo o que ele aprontava. Cazuza cagava pra tudo e eu ia à loucura. Mas uma coisa tenho certeza: você tem que deixar o filho levar a vida que quer. Não adianta brigar, porque ele não vai mudar.

Como os 25 anos sem Cazuza serão lembrados?
Será lançado um CD com músicas inéditas dele, cantadas por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Bebel Gilberto, entre outros. Sabe que eu cheguei a lançar dois CDs meus quando tinha uns 40 anos? Tive até música em novela. Mas não deu em nada. Então nem me arrisco a cantar nada dele, porque tenho horror à crítica. Também vamos fazer um leilão em outubro, em prol da Viva Cazuza, com curadoria do Vik Muniz. Sei que teremos obras de Os Gêmeos e um retrato do Cazuza inédito que Vik está fazendo. Ele está aí com força total.


Fontes:Revista Época/YouTube

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