Sob pressão das redes
sociais, deputados mudam voto e são elogiados
Chamados de "frouxos" e "covardes" nas redes sociais
após rejeitarem a proposta de redução da maioridade penal na madruga de
quarta-feira (1°), a maioria dos 24 deputados federais que mudou de
opinião e votou a favor da redução da maioridade de
18 para 16 anos na madrugada de quinta-feira (2)
reverteu o teor das mensagens recebidas em suas páginas e foram felicitados por
seu apoio.
No dia seguinte à mudança de voto, um
internauta escreveu na página do deputado Marcelo Matos (PDT-RJ): "Valeu,
deputado, fez prevalecer a vontade dos seus eleitores – votou a favor da
alteração constitucional: da redução da maioridade penal. Parabéns!!!".
Mensagem na página do deputado federal Marcelo Matos (PDT-RJ)
Antes, o pedetista havia sido
brindado com a mensagem: "toma vergonha na cara, não votei em vc para
ficar em cima do muro. Isso é atitude de COVARDE! Agora já te conheço, perdeu 8
votos da minha família" (sic). A mensagem foi apagada em seguida.
O deputado Heráclito Fortes (PSB-PI)
foi outro bastante elogiado em sua página no Facebook após ter se decidido
votar favoravelmente à redução da maioridade penal na segunda votação.
Anteriormente, ele tinha optado por se abster.
Um internauta aproveitou para
alfinetar Fortes. "Se redimiu, né, deputado. Pois na votação anterior
ficou em cima do muro, se absteve, mas agradecemos o seu voto".
Outros internautas frisaram que não ficaram convencidos do novo posicionamento dos seus parlamentares. Muitos disseram que os políticos só mudaram de opinião em razão das críticas recebidas pelos eleitores .
Outros internautas frisaram que não ficaram convencidos do novo posicionamento dos seus parlamentares. Muitos disseram que os políticos só mudaram de opinião em razão das críticas recebidas pelos eleitores .
Já outros, mas em menor número, disseram-se frustrados com a reviravolta
protagonizada pelos deputados vira-casaca e também fizeram críticas a eles. Na
página da deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), por exemplo, alguns mostraram seu
desapontamento.
"Poxa, Mara, te admiro tanto, seu voto de hoje foi uuma grande
decepção. Uma manobra ilegal do Eduardo Cunha para uma postura imoral da
Câmara, em nome do ódio, não da justiça."
Explicação
Alguns dos deputados vira-casaca fizeram questão de responder aos afagos
dos seus eleitores. Um caso interessante foi o do deputado Marcos Abrão
(PPS-GO). O parlamentar postou em sua página do Facebook que tinha mudado de
opinião em relação ao tema.
"Agora [que] inclui apenas os jovens envolvidos em crimes bárbaros,
decidi votar pela redução da maioridade penal".
No entanto, o argumento usado por ele para rebater as criticas que
recebeu após ter votado contra a redução, na primeira votação, foi
diferente. Um internauta havia escrito na página eletrônica de Abrão:
"Goiás tem vergonha de você". Em sua réplica, o político
respondeu: 'Minha opinião é de que diminuir a maioridade penal não vai
reduzir a violência! Em nenhum país que reduziu teve diminuição da
criminalidade. Não há provas de que a redução da idade da imputabilidade penal reduza
os índices de criminalidade".
Relembre a votação
Na terça-feira, a Câmara dos Deputados colocou em votação um texto
substitutivo da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 171/93, que previa a
redução da maioridade penal de 18 para 16 anos para os crimes considerados
"graves". A votação terminou com 303 votos a favor, 184 contrários e
3 abstenções – por se tratar de emenda constitucional, eram necessários o
mínimo de 308 votos para que ele fosse aprovado.
Em uma manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um novo
texto foi apreciado 24 horas depois em lugar do substitutivo, derrotado na
véspera. Ao mudarem o voto, esses 24 deputados ajudaram a aprová-lo, em
primeiro turno, com o número de votos necessários (323).
Fonte:Portal Bol
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